The Riverside

segunda-feira, 16 de julho de 2007

R.E.M. - De Athens para o estrelato

O que se passa na cabeça de uma pessoa para tornar uma música ou banda como sua favorita? Quais são os critérios adotados pelo cérebro para classificar algo como bom, ruim ou até mesmo como imperioso para seu gosto?

Já me surpreendi várias vezes pensando nisso para tentar entender como surgiu e como se mantém mesmo depois de 20 anos a minha admiração pelo trabalho do REM. Se tiver uma banda que eu coloco como realmente minha favorita, é essa que a qual eu escrevo agora.

Aviso aos leitores: essa publicação vai ser totalmente parcial. Nem daria para ser diferente. Lembro até hoje do meu choque, entre 1987 e 1988, quando descobri que uma mesma banda tinha músicas tocando na rádio de dois discos diferentes, com gravadoras diferentes, lançados em menos de um ano e, pasmem dois discos excelentes. Como conseguiram?

A banda foi formada em 1979, na Geórgia, por um estudante de arte (Michael Stipe), um vendedor de discos (Peter Buck) e dois amigos que se conheceram em uma festa da faculdade (Mike Mills e Bill Berry), utilizando como nome a referência ao movimento rápido dos olhos que fazemos quando estamos em sono profundo (Rapid Eyes Moviment).

Fizeram o primeiro show no dia 5 de abril de 1980 e assinaram com uma gravadora pequena, chamada IRS, um contrato para a gravação de seu primeiro EP, chamado de Chronic Town. Sucesso entre as rádios universitárias na época e forçaram a banda a gravar seu primeiro álbum, denominado Murmur, em 1983. Obra de arte, tendo visto que superou U2 e seu famoso War e Michael Jackson com seu Thriller na disputa de disco do ano. A banda já começava a dar os seus passos ao estrelato, já fazendo shows fora do mercado norte-americano logo na primeira turnê.

Conseguiram lançar um disco por ano por 7 primaveras seguidas, tendo apenas um abalo na carreira durante a gravação do terceiro álbum (Fables of the Reconstruction), em 1985. Divergências sobre os rumos que a banda tomaria. Era clara a vontade de desvincular as suas músicas ao folk americano ou tentar amenizar a imagem de uma coisa interiorana americana.

Em 1986 conseguem o seu primeiro disco de ouro com as vendagens de Lifes Rich Pageant, impulsionada pelo hit Fall On Me, cujo single atingiu o Top 10 americano.

Em 1987 lançam Dead Letter Office, com faixas inéditas retiradas das gravações dos primeiros álbuns e não utilizadas, além das músicas que tinham sido lançadas no primeiro EP da banda.

No mesmo ano, lançam o último disco pelo selo IRS, o maravilhoso Document, com letras políticas e um hit consagrado na época, The One I Love. Disco de platina e Top 5 no mercado americano.

No embalo, assinam com a major Warner e lançam o álbum Green, consagrando a banda como o melhor conjunto de Rock’n Roll americano, eleito pela revista Rolling Stone. A turnê do disco dura onze meses. E foram praticamente dois anos com três discos lançados. Uma máquina.

Folga, enfim. Quem agüentaria tanta correria? Demoraram três anos para um novo lançamento. E veio o Out Of Time, fenômeno de vendas da banda no mundo todo. Rendeu ao conjunto nada mais que três prêmios no Grammy Awards e seis no MTV Video Music Awards. O sucesso foi tanto que a MTV os convidou para a gravação de um acústico, não lançado oficialmente pela banda em disco. E lá sentam os quatro integrantes com bandolins e toda a versatilidade vocal de Stipe.

O interessante é que o REM, mesmo fazendo um som mais pop, foi uma das maiores influências às bandas grunge que surgiriam depois. Era clara a amizade de Kurt Cobain ao Michael Stipe.

A crítica desacreditava que a banda conseguisse manter a qualidade de seus álbuns e esperavam o oitavo disco com um ar de final dos tempos. E vem Automatic For the People, recheado de belas canções, mantendo a tradição de discos bem gravados com letras bem colocadas.

Em 1994 lançam o pior disco da carreira, na minha opinião. Monster é uma homenagem clara a dois amigos que tinham morrido, o ator River Phoenix e o músico Kurt Cobain. Disco pesado, sujo, fora das qualidades anteriores da banda. Saem em uma turnê desastrosa, em que ocorreram algumas paralisações para cirurgias urgentes de Michael Stipe (hérnia), Mike Mills (problemas estomacais) e um aneurisma cerebral no meio de um show do baterista Bill Berry.

Em 1996 renovam contrato com a Warner, ganhando uma bagatela de 80 milhões de dólares, um dos mais rentáveis do mercado mundial fonográfico. Lançam New Adventures in Hi Fi.

No dia 30 de outubro de 1997, a banda anuncia a saída de Bill Berry. O cara resolveu ir cuidar de sua fazenda, dos filhos e largar as baquetas. Sem substituições, os outros integrantes dizem que o lugar ficaria vago até a volta do amigo.

Lançam em 1998 o disco UP que, apesar do nome, é o mais intimista e triste da banda, com músicas como Sad Professor, Walk Unafraid e a maravilhosa At My Most Beautiful. O clima andava pesado na banda e Michael Stipe assumiu que foi o álbum em que esteve mais profundamente sentimental em suas letras. Resolveram não fazer turnê no início, mas acabam fazendo poucos shows na Europa após alguns meses.

Em 2001, lançam Reveal, álbum que os trazem para o único show no Brasil, no Rock in Rio. A MTV convida-os novamente para mais um acústico. Convite aceito e lá vem mais uma obra de arte da banda, ainda não lançado, mas com idéias de um lançamento futuro, em DVD. Simplesmente imperdível, muito melhor que o primeiro. Conseguimos ver um Michael Stipe bem descontraído com o público, de bem com a vida.

Em 2004 gravam Around the Sun, o disco mais politizado da banda e fazem poucos shows, todos contra a reeleição de George W. Bush. Não teve boa aceitação de público. Mas eu adorei!

Fora todos os 14 discos oficiais, existem várias trilhas sonoras compostas pela banda, destacando-se a trilha do filme O Mundo de Andy (Man On the Moon), e as produções de filmes realizadas por Stipe, como Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovith). O fascínio de Stipe pela telona é grande.

Enfim, um post gigante, como eu imaginava que seria. Tentei ser bem imparcial, mas a minha identificação com as letras e as melodias da banda é muito grande. Ficaria muito complicado colocar uma música que goste, mas eu deixo algumas sugestões para novos ouvintes ou curiosos.

- At My Most Beautiful
- Fall On Me
- Feeling Gravitys Pull
- Leaving New York
- World Leader Pretend
- Find the River
- Electolite.

Site oficial da banda: http://www.remhq.com/

Comunidade no orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=96720

Integrantes:

- Michael Stipe (vocal)
- Mike Mills (baixo)
- Peter Buck (guitarra)
- Bill Berry (bateria)

Discografia completa:

Álbuns

1982 - Chronic town (EP)
1983 - Murmur
1984 - Reckoning
1985 - Fables of the reconstruction
1986 - Life's Rich Pageant
1987 - Document
1988 - Green
1991 - Out of time
1992 - Automatic for the people
1994 - Monster
1996 - New adventures In Hi-Fi
1999 - Up
2001 - Reveal
2004 - Around The Sun

Coletâneas

1987 - Dead letter office
1988 - Eponymous
1991 - The Best Of R.E.M.2003 - In time - The Best Of R.E.M. 1988-2003

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posted by Edson Bezerra at 10:57

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